Nessa aula de hoje vamos ver sobre os conflitos no Oriente Médio. Os conflitos que destacaremos aqui será:
- Guerra Civil no Líbano
- Revolução Islâmica no Irã
- Guerra entre Irã e Iraque
- Invasão Iraquiana no Kuwait
- Afeganistão
- Coalização dos EUA e Reino Unido contra o Iraque
- Primavera Árabe
1.Localização do
Golfo Pérsico, diversidade de regimes políticos e consequência dos conflitos
Em primeiro lugar é necessário destacar que a região do
Golfo Pérsico é estrategicamente importante devido as grandes reservas de
petróleo. Por isso esta região é alvo de disputa por outros países como o
Estados Unidos ou como a Europa Ocidental.
Dessa forma é necessário saber a localização do citado Golfo
Pérsico e dos demais países próximos.
Feito esta análise podemos destacar que a região do Oriente
Médio é tomada por uma instabilidade política causada por sua maioria de
governos antidemocráticos, como: governos autoritários com suas ditaduras,
democracia teocrática[1] e monarquias absolutistas.
Esta instabilidade política provoca um contínuo estado de
beligerância [2]. Ou seja, o Oriente Médio está constantemente em iminência de
guerra ou conflito.
Os conflitos no Oriente Médio são muito preocupantes pois a
área que está cheia de grupos antagônicos pode provocar novos choques do
petróleo, isso é, podem aumentar o preço da venda do petróleo espalhando novas
crises para outras regiões.
Até agora tivemos três crises do petróleo:
A primeira foi em 1973, por causa da guerra de Yom Kippur,
que fez saltar o preço do barril de US$ 2,50 para US$ 11,50.
A segunda crise foi 1979, após a Revolução Islâmica do Irã,
o novo governo cortou o fornecimento do produto tendo aumento de US$36,00
A terceira crise foi em 1990, quando o Iraque invade o
Kuwait, temendo que o fornecimento do óleo fosse cortado, o preço do barril
saltou US$ 40,00.
[1] Teocracia - Forma de governo em que a autoridade, emanada dos deuses ou de Deus, é exercida por seus representantes na Terra (Dicionário Aurélio Século XXI).
[2] Beligerante - Que ou aquele que faz guerra, ou está em
guerra (Dicionário Aurélio Século XXI).
2. Guerra Civil no
Líbano
O Líbano é um país pequeno com quase 16.000 km² e possui uma
população com diversidade religiosa: 40% cristão e 60% muçulmano (entre xiitas,
sunitas e drusos). Desde sua independência política com a França em 1945, o cargo
do governo é dividido a partir da religião: sendo o presidente um cristão e o
muçulmano para primeiro-ministro.
Mesmo com essa intenção de tentar amenizar o conflito o país
entrou numa guerra civil entre libaneses cristãos, apoiados pelos israelenses,
e libaneses muçulmanos, apoiado pelos sírios e palestinos (este foram expulsos
da Jordânia em 1970.
Em 1976 a Síria invade o território do Líbano e Israel, como
resposta, fez várias incursões no sul do país para defender seus aliados. A trégua
da guerra chegou no final em 1991, mas teve seu território desocupado apenas em
1995 pela Síria e em 2000 por Israel.
Entre 2006, o Israel invadiu o Líbano novamente em busca dos
guerrilheiros da Hizbollah (ou Hezbollah).
3. Revolução Islâmica
do Irã (1979)
Desde 1941 quem comandava o Irã era o monarca Mohamed Reza
Pahlavi, chamado de xá (rei), que buscou uma política de modernização econômica
e social aos moldes da cultura ocidental, o que fez aproximar-se dos EUA e
tornarem-se aliados.
De outro lado, uma figura religiosa importante, o aiatolá
Rohollah Khomeini, pregava o fim da monarquia iraniana e liderou entre 1978 e
1979 uma série de lutas que levou a revolução islâmica. Através de um
plebiscito popular foi votado na substituição da forma de governo monárquico
pela forma republicana e elegeram Khomeini como líder. Embora a mudança da
forma de governo, a república foi seguida pela teocracia, ou seja, pelas leis
religiosas, o que fez um governo bem conservador e fundamentalista nas leis
religiosas.
Khomeini transformou o país em uma república teocrática e
declarou-se como autoridade suprema e estabeleceu como inimigo os Estados
Unidos. Por exemplo, Khomeini chegou a comparar os Estados Unidos como o grande
Satã.
Um segundo momento que aumentou a uma animosidade entre Irã
e EUA. Mohamed Pahvali, que havia fugido do Irã em janeiro de 1979, antes da
revolução, retornou em outubro ao Irã, para um tratamento de câncer com a
permissão dos EUA. Estudantes radicais que queriam o ex-xá para um julgamento,
invadiram a embaixada americana em Teerã e renderam 63 funcionários e os
manteve reféns por mais de um ano.
Essa revolução islâmica despertou um receio que a rebeldia se espalhasse nos demais
países de governos antidemocráticos e que incitasse uma série de revoluções. Como consequência, os governos autoritários e antidemocráticos iniciaram a caçar possíveis revolucionários e causando a morte de milhares de pessoas. Como exemplo, podemos citar o caso da Síria (Ver o item Primavera Árabe). E como no caso do Afeganistão, que provocou a invasão da URSS, por medo de perder o governo pró-soviético.
4. A guerra entre Irã
e Iraque (1980-1988)
Em 1975, Saddam Hussein assumiu o governo iraquiano em meio
a um golpe político.
Hussein tinha o interesse de dominar as áreas próximas e
assegurar a relevância no Golfo Pérsico aumentando suas riquezas petrolíferas. E
ainda, o medo que a revolução islâmica fosse um exemplo para um contragolpe no
Iraque fez com que invadisse o Irã em 1980. A invasão teve o apoio dos EUA,
pois, era importante para os yankees terem um governo aliado no Irã, já que a
revolução islâmica no Irã quebrou a relação entre os dois países.
A guerra foi extremamente disputada pelos dois lados e a
mesma acabou com um cessar-fogo em 1988, com praticamente 1,5 milhões de
mortos [3].
Para entender mais sobre a guerra indico a leitura sobre a Guerra
das Cidades
5. A primeira guerra do Golfo: Invasão do Iraque no Kuwait
(1990-1991)
Sob a justificativa dos gastos de quase US$ 100 bilhões com
a guerra de 8 anos com o Irã (ver o ponto anterior) e da grande reserva de petróleo, Saddam Hussein,
presidente do Iraque, invadiu o Kuwait.
Diferente do Irã, o Kuwait representou
pouca resistência e o Iraque logrou êxito na sua ação rapidamente. Contudo, esta ação não agradou os demais países.
No cenário mundial a ONU (Organização das Nações Unidas),
criada para mediar e evitar possíveis conflitos, exigiu a retirada das tropas
iraquianas no Kuwait. Hussein negou o pedido da ONU e manteve seu exército
ocupando Kuwait.
Como resposta, a ONU, enviou tropas em 1991 para expulsar os
iraquianos com a liderança dos EUA e além dos bombardeios que resultaram em mais de 100 mil mortes [4]. Em menos de uma semana houve o cessa-fogo e a desocupação iraquiana em território kuwaitiano.
Após a guerra, Saddam Hussein ainda
manteve-se no poder do Iraque até ser capturado em 2003 pelas forças americanas e enforcado pelos governo iraquiano em 2006 [4].
Logo após a guerra, o Iraque sofreu uma série de revoltas populares de grupos étnicos como os curdos, na região norte, e os xiitas, na região central.
No cenário mundial, o Iraque sofreu um boicote econômico (embargo) por ter resistido e desobedecido à ONU. O país somente retomou a vender petróleo, numa quantidade restrita, em 1994 com autorização da ONU.
6. Afeganistão
O Afeganistão tem aproximadamente 30 milhões de habitantes e
é uma país extremamente pobre e com uma diversidade étnica. Em contrapartida, o
país tem uma importante localização geográfica por situar-se na Ásia central e permitir
acesso as proximidades do Oceano Índico. Além de sua desejável reserva de petróleo
faz esta região ser um alvo de disputadas.
Um aspecto físico do Afeganistão que vale a pena relembrar é
que o país se destaca pelo Hindu Kush, uma cadeia de montanhas com média de 1.800m
de altura. Este relevo montanhoso foi essencial para a resistência das
guerrilhas.
Em consequência da revolução islâmica, a URSS, invadiu o
Afeganistão em 1979 com a intenção de manter o governo aliado e de
garantir uma fronteira contra as revoluções. A ocupação soviética terminou em 1989 sem
conseguir conquistá-lo completamente e após a desocupação o Afeganistão iniciou uma guerra civil.
Nesse período de guerra civil ganha forças o grupo político chamado
de Talebã, grupo de estudiosos do Corão e defensores do teocracismo (governo
regido pelas leis religiosas) no Afeganistão e Paquistão.
Não confunda Talebã e Al Qaeda: ambos
são do Afeganistão, são contra os EUA e por isso até tem uma relação entre si.
Porém é necessário diferencia-los. A principal diferença é que o primeiro, grupo
de estudantes do Corão, age politicamente e o outro é um grupo terrorista, que foi
liderado pelo Osama bin Laden, o mentor do ataque de 11 de setembro.
Fonte: Revista Escola. O que é o Talebã?.
Fonte: Revista Escola. O que é o Talebã?.
Voltando ao período da invasão soviética em 1979, é importante
não se esquecer que vivíamos na Guerra Fria, e por isso, estrategicamente os
EUA apoiaram grupos guerrilheiros de oposição para derrubar o governo
soviético. Um dos grupos de oposição foi o Al Qaeda que teve como liderança o Osama
bin Laden, que foi treinado pela CIA e posteriormente tornou-se inimigo dos norte-americanos
sendo o responsável pelo atentado de 11 de setembro de 2001.
O atentado mudou a situação entre o Afeganistão e os EUA. Quase
um mês após o ataque, no dia 07 de outubro de 2001, os EUA, com apoio de vários
países e consentimento do ONU, invadiram o Afeganistão, derrubaram o governo do
afegão (que era do Talebã) e buscaram destruir os grupos terroristas e inimigos
dos EUA, como o Talebã e Al-Qaeda.
O primeiro grupo, o Talebã, foi mais fácil de localizar pois trata-se
de um grupo político, formal e estruturado no Afeganistão, porém, também abrange o Paquistão. O segundo grupo, o Al-Qaeda, por tratar-se de uma organização guerrilheira, e não formal, é mais difícil de
localiza-la, pois muitos dos terroristas da Al-Qaeda fugiram para o Paquistão.
E no Paquistão, ainda resiste muitos simpatizantes e terroristas deste grupo,
bem como, foi o local onde Osama bin Laden esteve escondido. O governo paquistanês é aliado dos EUA, mas a população local é simpatizante da causa do Talebã, o que dificulta a luta contra o terrorismo.
Apesar dos bombardeios e de tropas americanas e aliadas dominarem
o Afeganistão, o objetivo dos EUA em acabar com o terrorismo ou Al-Qaeda, não
deu certo por conta da dispersão dos terroristas em território paquistanês.
Leitura complementar:
- 8 de outubro de 2001 - Veja as
principais intervenções militares dos EUA no mundo
Em maio de 2011, forças especiais americanas localizaram Osama
bin Laden em território paquistanês e neutralizaram o líder. Contudo, a morte
do líder não finalizou a guerra e milícias do Taleban responderam atacando as
forças aliadas aos americanos na região.
O desgaste com a guerra do Afeganistão e da tão longínqua
ideia de acabar com o terrorismo, fez com que na campanha eleitoral de Barack
Obama prometesse retirar as tropas americanas no Afeganistão. Até hoje as
tropas continuam no Afeganistão.
“Obama
disse que a decisão [de diminuir ritmo
de retirada de tropas dos EUA no Afeganistão] deve
mostrar ao Talibã que o único caminho para se obter a retirada total das tropas
dos EUA é chegar a um acordo com o governo do Afeganistão”
15 de outubro de 2015 - G1
- Obama vai diminuir ritmo de retirada de tropas dos EUA do Afeganistão
É estabelecida uma comparação do não sucesso das incursões norte-americanas
nos Afeganistão com a amarga derrota no Vietnã (1961-1975), aliado da URSS.
Veja o exercício abaixo que reforça essa comparação:
Alegando proteger um governo
amigo, em 1979 a antiga URSS invadiu o Afeganistão. Criticada internacionalmente,
com forte oposição dos EUA, governada por Ronald Reagan, a antiga URSS teve que
enfrentar inúmeras dificuldades, como se atesta no texto [...] a seguir:
O relevo muito acidentado do Afeganistão e os apoios externos permitiram aos afegãos fazer face a 120.000 soviéticos. Apesar das ofensivas, dos bombardeamentos maciços e do recurso às armas químicas, originando um milhão de vítimas, essencialmente civis, e cinco milhões de afegãos condenados ao exílio (sobretudo no Paquistão e no Irã), a URSS não conseguiu vencer os mujahidins. Tal como os Estados Unidos no Vietnã, ela atolou-se no “lamaçal afegão”: perto de 15.000 soldados soviéticos foram mortos durante os nove anos do conflito, a imagem de protetora dos “povos oprimidos” ficou arruinada e os limites do seu poderio postos em evidência.
Assim, é correto pensar que
a) o governo dos EUA fez todos os esforços para ajudar a
antiga URSS.
b) os principais inimigos a lutar contra os soldados
soviéticos foram as milícias do Paquistão.
c) a guerra envolveu apenas meios militares lícitos.
d) o Afeganistão foi uma espécie de Vietnã da URSS,
comparando à derrocada dos EUA no Sudeste Asiático.
e) a intervenção soviética no Afeganistão fortaleceu a
imagem da URSS de protetora dos povos oprimidos.
Resolução
Tal
qual os EUA no Vietnã, a URSS enfrentou uma guerra de guerrilhas no Afeganistão
para a qual seu exército não estava devidamente preparado. Resposta D
7. Coalização dos EUA e Reino Unido contra o Iraque
Em 2003, os EUA acusou o Iraque de desenvolver armas de destruição em massa e que estaria apoiando grupos terroristas. Os EUA, junto com os britânicos, enviou tropas para derrubar o governo de Saddam Husseim.
As consequências levaram a criação de um “posto avançado” dos EUA na área que possui a maior reserva de petróleo do mundo, impondo os seus interesses na região.
As consequências levaram a criação de um “posto avançado” dos EUA na área que possui a maior reserva de petróleo do mundo, impondo os seus interesses na região.
8. Primavera Árabe
Primavera Árabe
Por Maria da Glória Gohn*
A onda de mobilizações que
veio a ser denominada Primavera Árabe iniciou-se na Tunísia, em 2010,
espalhando-se para o Egito, Líbia, Iêmen, Síria etc. “Dignidade”, segundo
Safatle (2012), foi a palavra fundamental que guiou os manifestantes tunisianos
em janeiro de 2011. O autor prossegue citando Hamadi Redissi (2011) que disse:
Quem fez a revolução foram jovens diplomados e desempregados, ciberativistas e
sindicatos” (Safatle, 2012, ilustríssima, p.6). Segundo registros na imprensa
escrita, uma mulher blogueira teve um papel fundamental na Tunísia: Lina Bem
Mhenini. Ela criou um blog em 2007 e escrevia sobre censura, direitos
femininos, direitos humanos e liberdade de expressão. Dado o tom de seus temas,
seu site foi bloqueado e a polícia fez buscas em sua casa e levou todo seu
material de conexão com as mídias e redes sociais. Em 2010, ela voltou à tona,
fotografando protestos e a violência contra os manifestantes, inclusive mortes.
Um vendedor de frutas, Mohamed Sidi Bouazizi, autoimolou-se em protesto contra
o confisco de suas mercadorias, pelo fato de não ter licença para vendê-las.
Ela registrou o fato e colocou tudo na internet, rompendo com o apagão
mediático imposto pela censura de Bem Ali. Também teve papel importante o blog
Nawaat, de Astrubal. Autoritarismo do regime político, repressão, conflito
religiosos e economia em crise foram os motores explosivos da revolta. Após
dois anos, os acontecimentos revelaram sua complexidade e dificuldades para a
realização de um regime democrático dada a fragmentação social, a falta de
lideranças com projetos claros e a confusão entre regime político e religioso,
com a política sufocada pela religião e a tendência à islamização da sociedade.
A Tunísia teve um papel fundamental ao derrubar o ditador Zine Abedine Bem Ali.
A Revolução de Jasmin, como ficou
conhecida, leva o crédito de ter inspirados outros países árabes, no movimento
Primavera Árabe.
O Egito, o mais importante
país do mundo árabe, foi o primeiro a seguir o caminho da Tunísia. Uma grande
mobilização popular levou à derrubada do dirigente Mubarak, que permaneceu no
poder por trinta anos. Segundo Davis (2012), “’pão’ foi a primeira
reivindicação dos protestos na Praça Tahir, a palavra ecoa na Primavera Árabe
com quase igual intensidade que no outubro russo”. Eles promoveram atos
públicos e ocupações. Um manifestante afirmou: “Fomos oprimidos por anos até
que explodimos”. .
* Socióloga
GOHN, Maria da Glória Gohn.
Primavera Árabe. In: _______.Sociologia dos movimentos sociais. São Paulo:
Cortez. 2013. p.27-
Referências
OBJETIVO. Material didático. 2016.
MARINA, Lúcia; RIGOLIN, Tércio. Série Novo Ensino Médio: Geografia. 2ª edição. São Paulo: Editora Ática, 2005.
3] PARKER, Philip. A Guerra Irã-Iraque. In: ______. Guia ilustrado Zahar: História Mundial. Tradução: Maria Alice Máximo. Rio de Janeiro: ZAHAR, 2011. p.391.