A URRS: da cortina de ferro à CEI
Temas abordados:
- Da cortina de ferro à globalização
- A conjuntura da desestruturação soviética
- Reformas de Gorbachev (glasnot e perestroika)
- Comunidade de Estados Independentes (CEI)
- Dificuldades do capitalismo
- Conflito com a Geórgia
- A questão da Ucrânia (e Questão da Criméia)
- A Guerra na Síria
O contexto histórico
Após a Segunda Guerra Mundial, os países vencedores (EUA, França, Inglaterra e URSS) partilharam a capital alemã, Berlim, em 4 partes iguais. Posteriormente, esta partilha foi sobretudo dividida em duas partes. A primeira parte é a capitalista (EUA, França e Inglaterra) que criou a República Federal da Alemanha (RFA) em 23 de maio de 1949, e a segunda parte é a socialista, que criou a República Democrática Alemã (RDA) em outubro do mesmo ano.
Inicia-se nesse período a proibição de fluxo de pessoas e mercadorias entre as duas "alemanhas". Em 13 de agosto de 1961 foi criado o Muro de Berlim.
A Cortina de Ferro
Cortina de Ferro é a expressão,
criada por Winston Churchill, primeiro-ministro britânico, para definir a
divisão entre as duas Europas (Ocidental e Oriental) no mundo pós Segunda
Guerra Mundial (1938-1945). O lado Ocidental é representado pelos países
capitalistas e do lado Oriental é representado pelos Socialistas.
No dia 5 de março de 1946, o primeiro-ministro britânico
Winston Churchill proferiu um famoso discurso em Fulton, no Missouri (EUA), em
que usou a expressão "iron curtain", ou "cortina de ferro".
O termo foi usado para definir a divisão da Europa em duas partes, Oriental e
Ocidental. Enquanto a primeira estava sob controle da União Soviética, a segunda
era zona de influência dos Estados Unidos. O período relacionado a esta divisão
política e econômica é chamado de Guerra Fria. Em seu discurso, em uma livre
tradução para o português Churchill disse: "De Estetino, no (mar) Báltico,
até Trieste, no (mar) Adriático, uma cortina de ferro desceu sobre o
continente. Atrás dessa linha, estão todas as capitais dos antigos estados da
Europa Central e Oriental. Varsóvia, Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado,
Bucareste e Sofia; todas essas cidades famosas e suas populações estão no que
chamo de esfera soviética, e todas estão sujeitas, de uma forma ou de outra,
não somente à influência soviética mas também a um forte, e em certos casos
crescente, controle de Moscou." Este bloco de influência soviética se
desfez definitivamente em 1991, com o fim da URSS.
Seu History. Hoje na História: Churchill
usa a expressão "Cortina de Ferro" para definir divisão da Europa.
A Cortina de Ferro destaca
perfeitamente o contexto da Guerra Fria.
Do lado capitalista surge num primeiro
momento, o Plano Marshall (1947), uma política de ajuda financeira para
reconstruir os países devastados pela guerra. Estima-se que entre 1948 a 1952
este plano tenha disponibilizado US$ 1,4 bilhões. Ainda do lado capitalista, surge em 1949 a
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que é uma aliança militar
entre países capitalista. Um ataque soviético a qualquer um dos membros da OTAN
seria considerado um ataque à organização.
Do lado socialista, a URSS
tardiamente cria o Pacto de Varsóvia em 1955. Este Pacto foi uma aliança
militar de ajuda as repúblicas soviéticas para concorrer com a OTAN.
Território soviético entre 1949 a 1989, o lado socialista da Cortina de Ferro |
GIF da Expansão territorial da URSS de 1938 até 2014.
O contexto que levou a desintegração da URSS
A desintegração da URSS
Mikhail Gorbachev foi responsável pela abertura política da
URSS, criando duas medidas políticas: a perestroika e glasnot. A primeira foi
uma reestruturação econômica, mantendo o sistema socialista de economia. Entre
suas medidas conta-se com a diminuição da burocracia, abertura para
instituições financeiras internacionais e estímulos para empresas privadas. A
segunda medida foi uma abertura política que permitiu a sociedade soviética
criticar o sistema socialista. Esta medida permitiu a democracia e maior
liberdade de expressão.
O objetivo de Gorbachev era salvar a URSS. Contudo, suas medidas contribuíram para dissolução da URSS.
Somente com essa abertura política e econômica foi possível
o processo que levou a desintegração da URSS. A maioria dos países soviéticos
tiveram uma abertura política pacífica.
Em setembro de 1991 é feito um referendo político que estabeleceu a independência política das repúblicas soviéticas da URSS.
Anúncio no Jornal Globo do Fim da URSS em 1991
A pacificidade teve exceção na Iugoslávia, que enfrentou uma guerra civil, entre o governo favorável à URSS contra a população, a fim de, derrubar o governo soviético.
Vídeo: Memória Globo - Guerra Civil na Iuguslávia (1991)
Formação da CEI
Desintegra-se a URSS e substitui-se pela Federação Russa.
A Rússia torna-se a herdeira nuclear, militar e política do governo soviético. Por exemplo, a Rússia substitui a poltrona da URSS no Conselho de Segurança da ONU. A Rússia é a herdeira da dívida econônica soviética
Europa Oriental após Guerra Fria |
A Rússia torna-se a herdeira nuclear, militar e política do governo soviético. Por exemplo, a Rússia substitui a poltrona da URSS no Conselho de Segurança da ONU. A Rússia é a herdeira da dívida econônica soviética
GIF do episódio do Simpson mostrando a Rússia como União Soviética. É praticamente impossível desvincular o novo país com o antigo governo. |
A Federação Russa junto com a Ucrânia e a Bielorrússia iniciaram, em 8 de dezembro de 1991 (antes mesmo da dissolução oficial da URSS), uma reunião propondo uma cooperação econômica entre os estados recém independentes.
A ideia buscava manter a influência e relação política
soviética, porém, respeitando a soberania política de cada nação. Esta reunião
é conhecida como o Acordo de Minsk que resultou na proposta oficial de criação
da Comunidade de Estados Independentes (CEI)
Bandeira da CEI |
A CEI substitui o socialismo pelo modelo capitalista e
propõe uma área de livre comércio.
União
Europeia
|
Mercosul
|
CEI
|
BRICS
|
|
Área
|
4,7
km²
|
17 km²
|
22
km²
|
39
km²
|
Países membros
|
28
|
11
|
10
|
5
|
População
(2014)
|
493
milhões
|
398
milhões
|
284
milhões
|
3 bilhões
|
Total
de PIB dos países membros *
|
US$ 18, 5 milhões
|
US$ 4,3 milhões
|
US$ 2,5 milhões
|
US$ 17 milhões
|
Média
IDH
|
0,866
|
0,738
|
0,726
|
0,711
|
* Para o cálculo do Total de PIB somou-se o valor de cada
país membro
Fonte: PNUD 2014 e IBGE
Os ex-países pertencentes à URSS tentaram se afastar da
Rússia e da CEI, após a desintegração.
O quadro abaixo mostra os países que integraram a União
Europeia (UE) e ano de adesão
Países que
pertenciam a URSS e que atualmente integram a UE
|
|
Ano de adesão
|
Países que
pertenciam a URSS
|
2004
|
Estônia,
Letônia, Lituânia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria e Eslovênia;
|
2007
|
Romênia
e Bulgária.
|
2013
|
Croácia
|
Outros países que esperam adesão a UE são: Albânia,
Macedônia, Montenegro, Sérvia, Bósnia e Herzegovina, Kosovo e Ucrânia.
Limites e problemas na CEI
A dificuldade dos ex-países soviéticos no retorno ao capitalismo promove um desenvolvimento desigual. Países como Polônia, Hungria e República Tcheca voltaram a crescer economicamente.
Outra dificuldade na região
é a dependência dos países soviéticos à Rússia, justamente, pela centralização
econômica no período da URSS, e pela especialização das repúblicas soviéticas
em atividades diferentes.
A cooperação tornou-se
necessária por conta da interdependência econômica das nações soviéticas. Com o
fim da URSS, as novas nações teriam dificuldade de se estabelecer
individualmente. Por exemplo, somente a Rússia concentrava 60% da produção
industrial, tendo a Ucrânia 20%, a Bielorrússia 10% e os demais países somando
10%. Esta desigualdade industrial fez com que os países dependessem entre si da
produção industrial e de seu mercado de consumo. Outro motivo que estimulou a
cooperação é o recesso econômico da URSS, com alta inflação, moeda
desvalorizada, que viria a aniquila-la. A Rússia tornou-se a principal herdeira
das dívidas econômicas da URSS.
RIBEIRO, Leandro Nieves. Comunidade dos Estados
Independentes. Infoescola. Disponível em: https://goo.gl/XDlBCH
Estes problemas enalteceram a necessidade de criar a
cooperação econômica.
A integração completa da CEI
pode fracassar devido a rivalidades e disputas internas como: em 2008, o
conflito na Geórgia que provoca a sua separação da CEI.
A Geórgia
A Geórgia acusa a Rússia de
apoiar os rebeldes das províncias de Abkhasia e Ossétia do Sul que querem a
independência. Em retaliação, a Geórgia, lança um referendo popular, no ano de
2008, que decreta a sua saída da CEI.
A questão da Ucrânia
Localize abaixo a Ucrânia e a península da Criméia
Charge que mostra a disputa pela Ucrânia entre EUA, União Europeia e a Rússia |
Em 2014, a Ucrânia era liderada pelo Viktor Yanukovich, que pretendeu firmar um tratado de livre-comércio com a União Europeia. Entretanto, o presidente ucraniano desisti do acordo. A população que era a favor do acordo se rebela e inicia uma Guerra Civil. Os russos declaram o apoio ao líder Yanukovich e, em retaliação a rebeldia, retomam a península da Criméia, que havia sido cedido à Ucrânia no período soviético.
Os grupos ucranianos
habitantes da porção leste da Ucrânia, de maioria de origem russa, criam
movimentos separatistas e declaram independência do país. Os separatistas, que
são a favor da aproximação com a União Europeia, são atacados pelo exército
ucraniano e se inicia uma Guerra Civil.
A Rússia ameaça invadir a Ucrânia e apoia
ostensivamente as forças separatistas da Ucrânia Oriental, fornecendo
armamentos e apoio logístico.
As tensões se arrastam durante o ano
(incluindo a derrubada de um avião indonésio que atravessava a zona de
conflito). Sem solução aparente, em agosto, é assinado um acordo de
cessar-fogo, reiterado no fim do ano, numa tentativa de solucionar a questão.
Como consequência desse entrevero, a Ucrânia
assina, através de seu novo presidente, Petro Poroshenko, o acordo de
livre-comércio com a União Europeia e passa a receber ajuda do FMI.
A Rússia, acusando um Golpe de Estado na
Ucrânia, ameaça cortar o fornecimento de gás para a Ucrânia e depois desiste da
ação, por conta da percussão negativa, uma vez, que afetaria o abastecimento europeu.
Para a Rússia, as atitudes em relação à
Ucrânia levam a um confronto com os europeus e estadunidenses que, a partir de
princípios de 2014 passam a adotar uma série de sanções econômicas à Rússia,
como punição à interferência russa na Ucrânia, levando o país a certo
isolamento internacional.
Leia: No ano de
2016 a Rússia anuncia exercícios de Guerra após
acusar Ucrânia de complô
Ucrânia x Rússia
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=d3gSUhzlTTc
Nesse vídeo feito por estudantes (provavelmente de faculdade) fala sobre o conflito entre a Ucrânia e Rússia.
Vídeo: Ucrânia: uma nova Guerra Fria? (Atualidades online - Portal Objetivo)
Nesse vídeo feito por estudantes (provavelmente de faculdade) fala sobre o conflito entre a Ucrânia e Rússia.
Vídeo: Ucrânia: uma nova Guerra Fria? (Atualidades online - Portal Objetivo)
Disputa pela Criméia
A Rússia e
Ucrânia também travam disputas pela Criméia, uma península localizada ao sul da
Ucrânia.
A Criméia possui maioria da população russa e a região foi anexada à
Ucrânia na época da URSS no ano de 1954.
O lado leste da Ucrânia possui maioria da população russa, assim como, a parte da península da Criméia |
Com o conflito interno na Ucrânia,
entre a população a favor do acordo com a União Europeia e a não assinatura do
acordo, fez com que a Rússia ocupasse militarmente a Criméia.
O exército e a
população ucraniana são retirados da Criméia em 2014 e, a Ucrânia, anuncia possível saída da
CEI.
O trecho que destaca o conflito na Crimeia é a partir de 14 minutos e 32 segundos.
Crise da Síria
A crise da
Síria começa em 2011, no período da Primavera Árabe, momento em que jovens se
rebelam contra governos ditatoriais.
Em 2013 na Síria, governada por Assad, começa a reprimir duramente a população para evitar uma possível derrubada de seu governo. Inicia-se uma Guerra Civil na Síria causando 4 milhões de refugiados e 200 mil mortos no conflito.
Em 2013 na Síria, governada por Assad, começa a reprimir duramente a população para evitar uma possível derrubada de seu governo. Inicia-se uma Guerra Civil na Síria causando 4 milhões de refugiados e 200 mil mortos no conflito.
Guerra Civil na Síria. No mapa é possível ver a diversidade de grupos no conflito. |
Em um dos piores episódios da guerra da Síria o governo de Assad foi responsável pelo massacre de 21 de agosto de 2013, que deixou 1.429 mortos (426 crianças) num ataque com uso de armas químicas. Segundo a ONU tanto o governo de Assad e o EI usaram armas químicas.
Saiba quais foram os maiores massacres da guerra civil da Síria
Entenda o conflito na Síria
Durante o conflito civil, cresce o Estado Islâmico (EI) ou ISIS, formado por muçulmanos radicais e sírios adeptos a causa. O objetivo do EI é criar um mundo islâmico e por isso os demais países não-muçulmanos são inimigos.
Os EUA tentou conter o EI na época da Guerra do Iraque, cuja região é a base petrolífera americana. Em retaliação, o EI sequestrou e decapitou jornalistas americanos. Em contrarresposta, as forças americanas começaram a persegui o grupo, fazendo com que o EI fugisse do Iraque e fosse para Síria.
Na Síria existe diversos grupos lutando pelo controle da região. O governo de Assad tem apoio da Rússia, pelo Irã e pela China. Os opositores do Governo de Assad, chamado de Oposição, tem a liderança dos EUA e ainda possui aliança com a Turquia, França, Grã-Bretanha e da Arábia Saudita.
A Rússia, que defende o governo de Assad, começam a atacar a região atrás do EI.
O problema é que ambos os países (EUA e Rússia) são acusados atacar base aliadas de cada governo.
Neste vídeo é possível ver a importância geográfica da Síria e a disputa entre as forças.
O problema é que ambos os países (EUA e Rússia) são acusados atacar base aliadas de cada governo.
A crise da Síria em 10 minutos e 15 mapas
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