15/10/2016

A URRS: da cortina de ferro à CEI





A URRS: da cortina de ferro à CEI


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Essa aula é continuação do módulo 45 e início do módulo 46 do 4º bimestre do 1º ano.


Temas abordados:
  • Da cortina de ferro à globalização
  • A conjuntura da desestruturação soviética
  • Reformas de Gorbachev (glasnot e perestroika) 
  • Comunidade de Estados Independentes (CEI)
  • Dificuldades do capitalismo
  • Conflito com a Geórgia
  •  A questão da Ucrânia (e Questão da Criméia)
  • A Guerra na Síria

O contexto histórico 

Após a Segunda Guerra Mundial, os países vencedores (EUA, França, Inglaterra e URSS) partilharam a capital alemã, Berlim, em 4 partes iguais. Posteriormente, esta partilha foi sobretudo dividida em duas partes. A primeira parte é a capitalista (EUA, França e Inglaterra) que criou a República Federal da Alemanha (RFA) em 23 de maio de 1949, e a segunda parte é a socialista, que criou a República Democrática Alemã (RDA) em outubro do mesmo ano. 



Inicia-se nesse período a proibição de fluxo de pessoas e mercadorias entre as duas "alemanhas". Em 13 de agosto de 1961 foi criado o Muro de Berlim. 

A Cortina de Ferro

Cortina de Ferro é a expressão, criada por Winston Churchill, primeiro-ministro britânico, para definir a divisão entre as duas Europas (Ocidental e Oriental) no mundo pós Segunda Guerra Mundial (1938-1945). O lado Ocidental é representado pelos países capitalistas e do lado Oriental é representado pelos Socialistas.


No dia 5 de março de 1946, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill proferiu um famoso discurso em Fulton, no Missouri (EUA), em que usou a expressão "iron curtain", ou "cortina de ferro". O termo foi usado para definir a divisão da Europa em duas partes, Oriental e Ocidental. Enquanto a primeira estava sob controle da União Soviética, a segunda era zona de influência dos Estados Unidos. O período relacionado a esta divisão política e econômica é chamado de Guerra Fria. Em seu discurso, em uma livre tradução para o português Churchill disse: "De Estetino, no (mar) Báltico, até Trieste, no (mar) Adriático, uma cortina de ferro desceu sobre o continente. Atrás dessa linha, estão todas as capitais dos antigos estados da Europa Central e Oriental. Varsóvia, Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sofia; todas essas cidades famosas e suas populações estão no que chamo de esfera soviética, e todas estão sujeitas, de uma forma ou de outra, não somente à influência soviética mas também a um forte, e em certos casos crescente, controle de Moscou." Este bloco de influência soviética se desfez definitivamente em 1991, com o fim da URSS.

A Cortina de Ferro destaca perfeitamente o contexto da Guerra Fria. 


Do lado capitalista surge num primeiro momento, o Plano Marshall (1947), uma política de ajuda financeira para reconstruir os países devastados pela guerra. Estima-se que entre 1948 a 1952 este plano tenha disponibilizado US$ 1,4 bilhões.  Ainda do lado capitalista, surge em 1949 a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que é uma aliança militar entre países capitalista. Um ataque soviético a qualquer um dos membros da OTAN seria considerado um ataque à organização.

Do lado socialista, a URSS tardiamente cria o Pacto de Varsóvia em 1955. Este Pacto foi uma aliança militar de ajuda as repúblicas soviéticas para concorrer com a OTAN.
Território soviético entre 1949 a 1989, o lado socialista da Cortina de Ferro

GIF da Expansão territorial da URSS de 1938 até 2014. 

 O contexto que levou a desintegração da URSS 




A desintegração da URSS


Mikhail Gorbachev foi responsável pela abertura política da URSS, criando duas medidas políticas: a perestroika e glasnot. A primeira foi uma reestruturação econômica, mantendo o sistema socialista de economia. Entre suas medidas conta-se com a diminuição da burocracia, abertura para instituições financeiras internacionais e estímulos para empresas privadas. A segunda medida foi uma abertura política que permitiu a sociedade soviética criticar o sistema socialista. Esta medida permitiu a democracia e maior liberdade de expressão.

Saiba mais: glasnot e perestroika

O objetivo de Gorbachev era salvar a URSS. Contudo, suas medidas contribuíram para dissolução da URSS. 

Somente com essa abertura política e econômica foi possível o processo que levou a desintegração da URSS. A maioria dos países soviéticos tiveram uma abertura política pacífica. 

Em setembro de 1991 é feito um referendo político que estabeleceu a independência política das repúblicas soviéticas da URSS.


Anúncio no Jornal Globo do Fim da URSS em 1991 


A pacificidade teve exceção na Iugoslávia, que enfrentou uma guerra civil, entre o governo favorável à URSS contra a população, a fim de, derrubar o governo soviético.

Vídeo: Memória Globo - Guerra Civil na Iuguslávia (1991)

Formação da CEI


Desintegra-se a URSS e substitui-se pela Federação Russa. 
Europa Oriental após Guerra Fria


A Rússia torna-se a herdeira nuclear, militar e política do governo soviético. Por exemplo, a Rússia substitui a poltrona da URSS no Conselho de Segurança da ONU. A Rússia é a herdeira da dívida econônica soviética

GIF do episódio do Simpson mostrando a Rússia como União Soviética. É praticamente impossível desvincular o novo país com o antigo governo.  

A Federação Russa junto com a Ucrânia e a Bielorrússia iniciaram, em 8 de dezembro de 1991 (antes mesmo da dissolução oficial da URSS), uma reunião propondo uma cooperação econômica entre os estados recém independentes. 

A ideia buscava manter a influência e relação política soviética, porém, respeitando a soberania política de cada nação. Esta reunião é conhecida como o Acordo de Minsk que resultou na proposta oficial de criação da Comunidade de Estados Independentes (CEI)
Resultado de imagem para comunidade dos estados independentes bandeira
Bandeira da CEI

A CEI substitui o socialismo pelo modelo capitalista e propõe uma área de livre comércio.


União Europeia
Mercosul
CEI
BRICS
Área
4,7 km²
17 km²
22 km²
39 km²
Países membros
28
11
10
5
População (2014)
493 milhões
398 milhões
284 milhões
 3 bilhões
Total de PIB dos países membros *
US$ 18, 5 milhões
US$ 4,3 milhões
US$ 2,5 milhões
US$ 17 milhões
Média IDH
0,866
0,738
0,726
0,711
* Para o cálculo do Total de PIB somou-se o valor de cada país membro
Fonte: PNUD 2014 e IBGE


Os ex-países pertencentes à URSS tentaram se afastar da Rússia e da CEI, após a desintegração.

O quadro abaixo mostra os países que integraram a União Europeia (UE) e ano de adesão

Países que pertenciam a URSS e que atualmente integram a UE
Ano de adesão
Países que pertenciam a URSS
2004
Estônia, Letônia, Lituânia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria e Eslovênia;
2007
Romênia e Bulgária.
2013
Croácia

Outros países que esperam adesão a UE são: Albânia, Macedônia, Montenegro, Sérvia, Bósnia e Herzegovina, Kosovo e Ucrânia.

Limites e problemas na CEI


A dificuldade dos ex-países soviéticos no retorno ao capitalismo promove um desenvolvimento desigual. Países como Polônia, Hungria e República Tcheca voltaram a crescer economicamente. 

Outra dificuldade na região é a dependência dos países soviéticos à Rússia, justamente, pela centralização econômica no período da URSS, e pela especialização das repúblicas soviéticas em atividades diferentes.

A cooperação tornou-se necessária por conta da interdependência econômica das nações soviéticas. Com o fim da URSS, as novas nações teriam dificuldade de se estabelecer individualmente. Por exemplo, somente a Rússia concentrava 60% da produção industrial, tendo a Ucrânia 20%, a Bielorrússia 10% e os demais países somando 10%. Esta desigualdade industrial fez com que os países dependessem entre si da produção industrial e de seu mercado de consumo. Outro motivo que estimulou a cooperação é o recesso econômico da URSS, com alta inflação, moeda desvalorizada, que viria a aniquila-la. A Rússia tornou-se a principal herdeira das dívidas econômicas da URSS.

RIBEIRO, Leandro Nieves. Comunidade dos Estados Independentes. Infoescola. Disponível em: https://goo.gl/XDlBCH

Estes problemas enalteceram a necessidade de criar a cooperação econômica.  

A integração completa da CEI pode fracassar devido a rivalidades e disputas internas como: em 2008, o conflito na Geórgia que provoca a sua separação da CEI.

A Geórgia

A Geórgia acusa a Rússia de apoiar os rebeldes das províncias de Abkhasia e Ossétia do Sul que querem a independência. Em retaliação, a Geórgia, lança um referendo popular, no ano de 2008, que decreta a sua saída da CEI.
Região da Ossétia do Sul 

A questão da Ucrânia

Localize abaixo a Ucrânia e a península da Criméia

Charge que mostra a disputa pela Ucrânia entre EUA, União Europeia e a Rússia


Em 2014, a Ucrânia era liderada pelo Viktor Yanukovich, que pretendeu firmar um tratado de livre-comércio com a União Europeia. Entretanto, o presidente ucraniano desisti do acordo. A população que era a favor do acordo se rebela e inicia uma Guerra Civil. Os russos declaram o apoio ao líder Yanukovich e, em retaliação a rebeldia, retomam a península da Criméia, que havia sido cedido à Ucrânia no período soviético.

Os grupos ucranianos habitantes da porção leste da Ucrânia, de maioria de origem russa, criam movimentos separatistas e declaram independência do país. Os separatistas, que são a favor da aproximação com a União Europeia, são atacados pelo exército ucraniano e se inicia uma Guerra Civil.

A Rússia ameaça invadir a Ucrânia e apoia ostensivamente as forças separatistas da Ucrânia Oriental, fornecendo armamentos e apoio logístico.

As tensões se arrastam durante o ano (incluindo a derrubada de um avião indonésio que atravessava a zona de conflito). Sem solução aparente, em agosto, é assinado um acordo de cessar-fogo, reiterado no fim do ano, numa tentativa de solucionar a questão.

Como consequência desse entrevero, a Ucrânia assina, através de seu novo presidente, Petro Poroshenko, o acordo de livre-comércio com a União Europeia e passa a receber ajuda do FMI.

A Rússia, acusando um Golpe de Estado na Ucrânia, ameaça cortar o fornecimento de gás para a Ucrânia e depois desiste da ação, por conta da percussão negativa, uma vez, que afetaria o abastecimento europeu.

Charge que mostra a ameça ao corte do fornecimento de Gás para a Europa

Para a Rússia, as atitudes em relação à Ucrânia levam a um confronto com os europeus e estadunidenses que, a partir de princípios de 2014 passam a adotar uma série de sanções econômicas à Rússia, como punição à interferência russa na Ucrânia, levando o país a certo isolamento internacional.


Ucrânia x Rússia 


Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=d3gSUhzlTTc 

Nesse vídeo feito por estudantes (provavelmente de faculdade) fala sobre o conflito entre a Ucrânia e Rússia. 

Vídeo: Ucrânia: uma nova Guerra Fria? (Atualidades online - Portal Objetivo)

Disputa pela Criméia 

A Rússia e Ucrânia também travam disputas pela Criméia, uma península localizada ao sul da Ucrânia. 

A Criméia possui maioria da população russa e a região foi anexada à Ucrânia na época da URSS no ano de 1954. 
O lado leste da Ucrânia possui maioria da população russa, assim como, a parte da península da Criméia 

Com o conflito interno na Ucrânia, entre a população a favor do acordo com a União Europeia e a não assinatura do acordo, fez com que a Rússia ocupasse militarmente a Criméia. 

O exército e a população ucraniana são retirados da Criméia em 2014 e, a Ucrânia, anuncia possível saída da CEI.   


Vídeo: Movimentos Separatistas Atuais e a Crise na Criméia (Atualidades online do Objetivo)
O trecho que destaca o conflito na Crimeia é a partir de 14 minutos e 32 segundos.


Crise da Síria


A crise da Síria começa em 2011, no período da Primavera Árabe, momento em que jovens se rebelam contra governos ditatoriais. 
Em 2013 na Síria, governada por Assad, começa a reprimir duramente a população para evitar uma possível derrubada de seu governo. Inicia-se uma Guerra Civil na Síria causando 4 milhões de refugiados e 200 mil mortos no conflito. 

Guerra Civil na Síria. No mapa é possível ver a diversidade de grupos no conflito.


Em um dos piores episódios da guerra da Síria o governo de Assad foi responsável pelo massacre de 21 de agosto de 2013, que deixou 1.429 mortos (426 crianças) num ataque com uso de armas químicas. Segundo a ONU tanto o governo de Assad e o EI usaram armas químicas




Saiba quais foram os maiores massacres da guerra civil da Síria
Entenda o conflito na Síria

Durante o conflito civil, cresce o Estado Islâmico (EI) ou ISIS, formado por muçulmanos radicais e sírios adeptos a causa. O objetivo do EI é criar um mundo islâmico e por isso os demais países não-muçulmanos são inimigos. 

Os EUA tentou conter o EI na época da Guerra do Iraque, cuja região é a base petrolífera americana. Em retaliação, o EI sequestrou e decapitou jornalistas americanos. Em contrarresposta, as forças americanas começaram a persegui o grupo, fazendo com que o EI fugisse do Iraque e fosse para Síria. 

Na Síria existe diversos grupos lutando pelo controle da região. O governo de Assad tem apoio da Rússia, pelo Irã e pela China. Os opositores do Governo de Assad, chamado de Oposição, tem a liderança dos EUA e ainda possui aliança com a Turquia, França, Grã-Bretanha e da Arábia Saudita. 

A Rússia, que defende o governo de Assad, começam a atacar a região atrás do EI. 
O problema é que ambos os países (EUA e Rússia) são acusados atacar base aliadas de cada governo. 



A crise da Síria em 10 minutos e 15 mapas 


Neste vídeo é possível ver a importância geográfica da Síria e a disputa entre as forças. 





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