28/05/2016

Atuação das massas de ar e as precipitações

1. Introdução

Primeiramente é necessário entender que a massa de ar consiste em porções de ar da atmosfera que possuem características particulares de temperatura, pressão e umidade.

As massas de ar podem ser quentes ou frias, e dessas ainda podem ser secas ou úmidas.

Á medida em que uma massa de ar se desloca esta perderá suas características iniciais e adquirirá outras, dependendo da massa de ar predominante. Nesse caso, o encontro entre duas massas de ar opostas (quente ou fria) ocorre as frentes. As frentes são uma faixa de transição entre o ar quente e ou frio onde o ar predominante prevalece. Por exemplo: na frente quente o ar quente é predominante e na frente fria o ar frio é predominante.


Trecho retirado de Geografando (14/06/16):
Massas de ar são porções ou volumes da atmosfera que possuem praticamente as mesmas características de pressão, temperatura e umidade por causa de sua localização e são bastante espessas e homogêneas.
Duas massas de ar, ao se encontrarem, não se misturam como seria de se esperar, pelo contrário, elas mantêm as características adquiridas no local de origem. Isso faz com que surja uma “frente” ou uma “descontinuidade” ao longo da zona limítrofe das massas de ar (é o que chamamos de “frente fria”, por exemplo, quando duas massas de ar frio se encontram). De qualquer forma, quando uma massa de ar cruza uma região ela causa uma mudança brusca na temperatura por causa da substituição de um ar pelo outro.
O clima e o tempo brasileiro estão diretamente vinculados ao deslocamento das massas sobre o território, gerando secas, chuvas, quedas na temperatura, etc.

A consequência do encontro entre massas de ar e das frentes ocasiona a precipitação atmosférica. Uma precipitação atmosférica é  formada pela condensação do vapor de água contido na atmosfera sendo produzida no estado líquido (chuva), sólido (granizo e  geada).


Em geral temos 5 massas de ar atuantes no Brasil.
  1. Massa Equatorial Atlântica (mEa)
  2. Massa Equatorial Continental (mEc)
  3. Massa Tropical Atlântica (mTa)
  4. Massa Tropical Equatorial (mTe)
  5. Massa Polar Atlântica (mPa)




A seguir veremos a classificação desses tipos de massas de ar:

1. mEa – Massa Equatorial Atlântica
-Quente e Úmida
-Atuação parte do Norte e Nordeste brasileiro
-Ao encontro com a mPa, provoca chuvas de frentes ou frontais, com alta intensidade.

2. mEc – Massa Equatorial Continental
-Quente e Úmida
-Forma-se na região amazônica – região de baixa pressão
-Provoca chuvas na Amazônia e em boa parte do país durante vários meses do ano.

3. mTa – Massa Tropical Atlântica
-Quente e úmida (mas pode ser fria e úmida e quente e seca)
-Predomínio próximo ao Trópico de Capricórnio e se estende ao litoral e interior das regiões Sul e Sudeste.  
-A região Sudeste contribui para a formação de chuvas orográficas (ou chuvas de relevo) durante o verão.

4. mTc – Massa Tropical Continental
-Quente e Seca
-Oriunda da região do Chaco (na Argentina, Paraguai e Bolívia) 
-Resultado do grande aquecimento no verão
-Massa de ar quente e seca, instável com atividade convectiva intensa até 3000 m

5. mPa – Massa Polar Atlântica
-Fria e Úmida
-Provoca o declínio de temperatura no nordeste e consequentemente provoca as chuvas de frente.

2. A atuação das massas de ar no verão e inverno


No verão há o predomínio dos ventos alísios, que sopram ao norte e ao sul do Equador e vem carregados de umidade causando chuvas conectivas. No nordeste os ventos são oriundos das massas Equatorial Continental (mEc) e no sudeste oriundo da massa Tropical Continental (mTc).  

Em geral no verão temos o predomínio de uma massa de ar quente e úmida.

No inverno a massa predominante é o mPa. Avança em duas regiões: a primeira segue até o litoral do nordeste e segundo penetra no interior do continente e atinge o Planalto Central e até na Amazônia (causa a friagem: queda brusca de temperatura).
Em geral no inverno temos uma massa de ar fria e seca.  

Clique na imagem para ampliar

Ventos alísios nordeste e sudeste 

3. Umidade do ar


O ar atmosférico contém vapor d’água, oriunda das superfícies oceânicas, da evaporação das águas continentais ou ainda dos vegetais (evapotranspiração), sendo que a quantidade de vapor varia de acordo com a temperatura do ar.

A massa atmosférica sofre variação de umidade, podendo chegar até a um ponto de saturação, a uma determinada temperatura.

Ponto de saturação: é a quantidade de vapor d’água (em gramas) contido no ar atmosférico (m3) em dado momento.

4. Precipitações

"A precipitação é a deposição de água para a superfície da Terra, sob a forma de chuva, neve, gelo ou granizo" (leia aqui)

Tipos de precipitações:

  • chuva (líquida),
  • neve (cristais),
  • gelo (água congelada), chuva gelada,
  • orvalho (condensação em superfícies
No nosso caso veremos apenas a precipitação pluvial, ou seja, a chuva. Veja na imagem os tipos de chuvas: conectivas, frontais e orográficas. 




Em geral, o Brasil tem altos níveis de chuvas, tendo em média 1.000 mm de chuva por ano. É importante identificar as regiões onde ocorre excepcionais chuvas com 3.000 mm, alta pluviosidade como 2.000 mm e as regiões com menos de 1.000 mm de chuvas.


Áreas com mais de 3.000 mm de chuvas são:
  • Serra do Mar,
  • Litoral do Amapá,
  • Ilha de Marajó;
  • Amazônia Oriental

Quatro áreas destacam-se por apresentar alta pluviosidade, chegando a 2.000 mm anuais:
  • Litoral da Amazônia;
  • centro -ocidental da Amazônia;
  • Litoral da Bahia;
  • Serra do Mar e Planalto Meridional
Abaixo de 1.000 mm:
  • Sertão Nordestino, como Juazeiro (Bahia), com 502 mm
  • Vale do Rio São Francisco, como Cabaceiras (PB) com 278 mm.  

O fator explicativo para o baixo índice pluviométrico das duas regiões no nordeste deve-se por causa do relevo que é um obstáculo para os ventos alísios. Sobre este ponto é relevante destacar o Planalto da Borborema e sua barreira natural que impede que os ventos alíseos provoque chuvas na região do semi-árido brasileiro


O Planalto da Borborema está situado na região do Agreste (veja aqui um outro mapa)


Compare:

Compare as regiões com baixo índice de anual de pluviosidade de 1.000 m com as seguintes regiões: 

Em Presidente Prudente, extremo sudoeste de São Paulo, a média anual de pluviosidade de Presidente Prudente é 1.254,9 mm (1)

Em Rancharia, São Paulo, a média anual de pluviosidade é de 1.285,2 mm (2).

Em São Paulo, capital, a média anual de pluviosidade é 1.443 mm (3). 

Fontes:
(1) - Sobre a pluviosidade de Presidente Prudente  (2a opção: Climatempo)
(3) - Sobre a pluviosidade em São Paulo, capital. 

Outras postagens:

Materiais de apoio 

O grande Chaco: entenda o que é o Chaco

Chuva conectiva


O que é uma frente fria